sexta-feira, 12 de março de 2010

Lá vai o jovem.
Não tão jovem quanto lhe parece.
Saí de casa para a noite e esquece a sua prece.
Sempre esquece. Da família. Dos amores. Da escola e não da 'cola'.
Mais uma 'night' pra zoar, se divertir, aproveitar.
Nem as 'minas' atiradas, nem a música, nada mais assusta.
Nem o sexo nos cantos escuros, nem a fumaça que escala os muros.
E ele se perde. Se esquece da idade, falsifica a identidade e aproveita a liberdade.

Antes era diferente. Sabia bem usar a mente.
Mas agora nem que tente.
Quando criança se escondia entre as pedras.
Hoje esconde a própria pedra.
Ele mudou, perdeu a confiança. Fechou a porta pra esperança.

Sobe o cheiro de gozo, de álcool, de fumo. Mais um 'teco', mais pra perto, e os 'amigos' tavam certos.
Ele cria seu castelo. Seu próprio local de flagelo.
E nem sabe, nem imagina. E sorri a cada esquina.
Calçadas, pessoas andando, pessoas paradas. O carro rápido demais. Pessoas diferentes, pessoas iguais.
Verde. Amarelo. Vermelho. Sinais.
Buzinas, sirenes, vozes. Toques, desfoques.
Não dá mais pra distinguir. Só ouvir. Distante os passantes gritantes.
Depois nem isso. E a imagem de Cristo.
Mas ele não lembra. Não lembra como reza. Nem como se preza.
E mesmo sem a prece, Cristo não desaparece.

Antes era diferente. Sabia bem usar a mente.
Mas agora nem que tente.
Quando criança se escondia entre as pedras.
Hoje esconde a própria pedra.
Ele mudou, perdeu a confiança. Fechou a porta pra esperança.

Se deixasse a porta aberta, agora não estaria na solidão.
Gosto de sangue na boca e um falho coração.
Se perdeu, se entregou ao vício. Agora tem que aguentar o suplício.
A porta fechada atrapalha a esperança, mas a morte diante da porta sabe fazer suas lambanças.
Ele descansa o corpo e a mente. O teto a sua frente.
O sonho convincente. O corpo ainda quente. Um suspiro contente e a lágrima inocente.
Ao lado da cama um telefone anotado, um convite pro pecado e um sonho de recado.

Antes era diferente. Sabia bem usar a mente.
Mas agora nem que tente.
Quando criança se escondia entre as pedras.
Hoje esconde a própria pedra.
Ele mudou, perdeu a confiança. Fechou a porta pra esperança.

O que fazer? Pra onde ir? Seguir o sonho ou não seguir?
Deixar a porta trancada ou abrir?

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