quarta-feira, 8 de junho de 2011

Esse momento sempre chega para aqueles que se devotam ao amor e sofrem descompassadamente por culpa deste. Esse momento chegou pra mim.
O momento em que me olho no espelho e não me reconheço. Onde no lugar do sorriso estão as lágrimas e no lugar da serenidade encontra-se o desespero.
Esse momento onde o cabelo desarrumado e o batom borrado já não fazem diferença. O momento onde toda a angústia, raiva e decepção dão vontade de socar o vidro que reflete a face da solidão.
O som da chaleira anuncia a água fervendo. Tudo o que eu queria é que o café pudesse me curar de você, acima da ressaca.
Não me resta mais moral, não me resta mais motivo, alegria ou nada que importe.
Agora fito meus olhos inchados no outro eu refletido diante de mim e me sinto uma criatura miserável, desprezível, que precisa preencher a cama todos os dias com alguém diferente só porque não pode ter uma única pessoa.
Alguns acham que eu não tenho coração. Aqui, declaro a vocês que realmente não o tenho.
Ele foi tomado de mim, arrancado à força, levado numa mala e nesse momento deve estar enfeitando uma estante de troféus. Em seu lugar restou um vazio constante que eu busco desesperadamente preencher através de qualquer sobra de sentimento que possa existir por perto.
Mas eu sei, no fundo, que os meus amores de uma noite, não tratam realmente de amor.
Tomar banho depois do sexo não é amor. Fumar um cigarro depois do sexo não é amor. Esperar o outro dormir enquanto fita o teto e depois vestir a roupa e sair em passos silenciosos não é amor.
Com você eu aprendi que sorrir depois do sexo é amor. Que abraçar e olhar nos olhos depois do sexo é amor. Que amanhecer no outro dia com o sol na cara, sem roupa e uma mão entrelaçada na sua é amor.
Você me ensinou mais do que eu poderia pedir, porque você também me ensinou sobre dor.
E se hoje sou um monstro amargurado que quebra corações com salto fino, a culpa é sua. E se hoje não dou amor porque não tenho mais esperança de recebê-lo, a culpa é sua.
É sua culpa que o espelho reflita face tão digna de pena. É sua culpa que eu me embriague entre copos e corpos na vã ilusão de te encontrar em algum desses vários beijos. É culpa sua se o café é amargo, se a escuridão é assustadora e se a solidão é companhia.
E se hoje o que me resta são noites de insônia, litros de vodka e sexo com alguém que nem vale a pena citar no outro dia, eu devo tudo isso a você. Porque você me jogou nesse inferno depois de ter me apresentado o paraíso.