quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Jogos



Cansei desses jogos. Cansei dos seus jogos malignos que tem regras distorcidas, as quais desfavorecem outras pessoas, fazendo com que seja impossível que você mesmo perca. Ou seja, pedante, cansativo, enjoativo e ainda por cima sujo. Você joga sujo.
Mas eu quero que se dane você, o seu jogo, e os participantes ativos nele que permitem que você faça o que quer no tabuleiro.
Não vou mais jogar o seu jogo, então junte suas peças e ponha-se daqui pra fora.
É isso aí.

Irei criar um novo jogo. Um jogo onde todos possam participar e se divertir, sem roubos, sem trapaças, sem sujeira. Vou chamar novos participantes, novos sorrisos, dessa vez verdadeiros. Vou rolar os dados e seguir em frente com os novos companheiros de partida. Uma pessoa me disse que talvez eu seja boa demais pra você, agora noto que essa pessoa estava certa.
Vou sentar no chão, abrir meu novo tabuleiro, convidar novos amigos, jogar um novo jogo. E se no final nada der certo e eu não vencer, não tem problema. Começo tudo outra vez.
Porque a rainha pode ir e vim quantas vezes quiser.

domingo, 27 de setembro de 2009

Passos Brancos


Primeiro passo: Cinza.
Ela chorou.
Chorou silenciosamente como uma criança desamparada em meio a noite fria. Chorou como se alguém tivesse pego seu coração com unhas afiadas.

Segundo passo: Amarelo.
Ela sorriu.
Sorriu na ilusória esperança de parar de chorar. Sorriu como se o sorriso pudesse a fazer esquecer de tudo o que sofrera. Sorriu para si e para o mundo fingindo estar bem quando não estava.

Terceiro passo: Roxo.
Ela gritou.
Gritou desesperadamente sem que ninguém a ouvisse. Gritou silenciosamente por dentro, machucada, sozinha, sofrida. Gritou em meio ao vão do silêncio, mas nem assim seus gritos agudos chegaram aos ouvidos de quem ela queria.

Quarto passo: Vermelho.
Ela irritou-se.
Irritou-se com tudo, com nada, com alguma coisa. Esmurrou travesseiros, socou paredes, chutou móveis, quebrou copos. Deixou que a ira a dominasse e descontou em tudo a raiva antes contida.

Quinto passo: Verde.
Ela orou.
Orou baixinho no meio da noite silenciosa. Pediu aos ventos, aos deuses e a tudo que lhe fosse permitido pedir, que alguém, em algum lugar, o trouxesse de volta pra ela. Ela orou, rezou, implorou e voltou a orar... Inutilmente.

Sexto passo: Preto.
Ela chorou.
Chorou. Mais uma vez. Tentou, falou, correu atrás... E nada. Então, chorou novamente. Chorou com tudo o que tinha, com tudo o que podia, chorou até suas lágrimas secarem.

Sétimo passo: Branco.
Ela desistiu.
Desistiu de tudo. Do amor, de acreditar nas pessoas, de tentar achar a felicidade tão estrategicamente escondida no pote de ouro no fim do arco-íris.
Agora ela não chora, não sorri, não grita, não ora, não sente. Não há mais cores. Há apenas passos sem cor, sem sentido, sem significado. Tudo é nada. O nada é branco.

Restaram apenas passos brancos.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sal


Sinto o gosto de sal.
Tudo agora é salgado. Maldito sal. O sal do mar, o sal do sol, o sal das lágrimas que escorrem-me pela face. Esse maldito gosto de sal lacrimoso que todos os dias, todas as horas, todos os minutos está presente em meu paladar desde a sua partida.
Cansei do sal.
Eu quero doce. Vou buscar ensadecida pelo gosto do doce, se não achar o doce serve o azedo, o amargo, o apimentado, ou qualquer outro sabor que não seja o maldito salgado.
O sal me lembra você.
Suas lágrimas tem gosto de sal. Minhas lágrimas por você tem gosto de sal. Seu mentir, seu omitir, tudo em você tem gosto de sal. E eu não quero mais o gosto de sal.
Mentira. Essa minha mentira também tem gosto de sal.
Eu ainda quero o sal, ainda anseio pelo sal, ainda busco incessantemente pelo sal.
O sal que escorre pelos seus lábios em forma de palavras de sabor ilusoriamente adocicado. Um doce falso, sem gosto.
E é aí que entra o sal. Não me importo com o doce, pode ser o sal, contanto que seja o seu sal.
As mesmas falsidades, as mesmas mentiras, as mesmas palavras de sabor disfarçado. Despeje-as sobre mim e deixe minha vida sem doce... Mas volte.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009


-e hoje estou aqui, só pra te cobrar, o que você disse que ia ser pra sempre...-

Que porra de pra sempre nada. Essa merda dessa união dessas duas palavrinhas que fazem você acreditar em mentiras. Criam uma névoa ilusória que faz você acreditar em uma merda de um sentimento que te faz ficar com cara de ridículo boiando o tempo todo, pensando na porra da pessoa que te disse a porra do pra sempre.
Que se exploda. Que se foda.
Essa merda dessa combinação chamada de pra sempre, te coloca no céu pra depois te jogar em um rio negro, onde as algas se tornam correntes feitas desse sentimento maldito, onde você fica preso e morre afogado pra depois descobrir que aquele rio estava cheio das suas lágrimas.
Essa porra de pra sempre, fode você de um jeito sem igual. Te quebra, te parte, te espanca, e tudo isso por dentro. De forma que não é tão fácil de curar, de forma onde a porcaria de um remédio não serve de nada.
Os humanos são falsos, medíocres e gostam de iludir os outros. São todos sádicos malditos que sorriem ao ver suas lágrimas. Todos seres malignos que se divertem as suas custas.
Todos os humanos tem uma maldita língua ferina que sabe falar tudo aquilo que você quer ouvir. É como se ecoassem como melodia dentro de você, te enfeitiçando.
Malditas sereias terrestres.
Eles dizem que te amam, que te adoram, que te veneram, e que vão ficar com você pra sempre.
E voltamos a porra do pra sempre.
O pra sempre que se foda. O amor que se foda. Os humanos que dizem o pra sempre que se fodam. E que se foda todas as promessas não cumpridas que deixaram todos os corações partidos. E isso é tudo.



-irritada-

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Você chega e me toma como se eu sempre houvesse sido sua. Como se desde o princípio você já soubesse que o 'terreno' lhe pertencia e que não importasse por quais estradas eu passasse, no final seria uma encruzilhada para nos encontrarmos.
Você chega e se apossa, se impregna, se faz valer, como se nada no mundo pudesse impedí-lo de me ter, como se nada no mundo fosse impecilho para isso.
Você chega e invade minha vida, desmorona meu castelo criado, querendo de toda forma construir outro comigo. Causa tumulto, revira tudo de pernas pro ar, e jura que vai ficar comigo e que nunca vai me deixar.
Você chega e me tira o controle. Me faz desistir de coisas por você, me faz mil e uma juras de amor, pra me convencer que você é o melhor pra mim.
Ok. Pode comemorar.
Você chegou. E ficou.
Você já tem direito sobre mim, já pode me ter, controlar a seu bel prazer. Pode construir seu castelo sobre mim, pode me fazer sua e tornar-se meu. Já gravaste teu nome em meu peito, já gravastes teu nome em minha mente, já gravastes teu nome em meu ser. Agora vem. Vem e me toma como você desejou desde o início. Vem e me leva com você como você quis desde o príncipio. Vem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009


É isso aí.
Não foi como a gente achou que ia ser. Tudo foi diferente, drástico, e até mesmo irônico. O fim e o começo junto, de uma só vez, unidos por um laço vermelho que poderia ter sido feito de lágrimas que deu um saíram, de outro ficaram presas lá dentro. Cada qual sofreu do jeito que deu. Foi rápido, foi intenso, foi único. Foi nosso. E mesmo com outra chegada, tão inesperada... Mesmo com outro sorriso, outro olhar, outro amor, você ainda reside aqui. Vai ser sempre meu amigo, confidente, aquele que me ouve gritar, reclamar, chorar, e falar merda quando estou estressada. Aquele que fica do outro lado da linha, rindo, gargalhando quando eu chamo um palavrão pra denominar alguém que tenha me irritado demasiadamente.
É isso aí.
Nós iremos permanecer juntos, mesmo não estando juntos, como eu já disse outras vezes. Sim. Há outro alguém, outro rosto, outra boca, outro amor. Sim, ele há. Ele habita em mim de outra forma, eu o amo, mas eu também te amo. Você foi único e inesquecível. Então, é isso aí... Permaneceremos assim. Unidos, por aquele mesmo laço vermelho que não se rompeu com nosso rompimento.


[Texto dedicado a Limon, que apesar do término do nosso namoro e eu estar com outra pessoa (Alan) continuamos amigos, porque somos sábios e não nos deixaremos nos perder. xDD]

sexta-feira, 4 de setembro de 2009


Não me toque. Não me beije. Não me ame. Ou melhor... Não me engane.
Não quero sentir suas mãos sujas sobre meu corpo, não quero ver seu sorriso sarcástico, suas caras e bocas promiscuas, não quero sentir seus movimentos lascivos em minha cama. Sei que você não me ama. Como todas as outras... Está interessada apenas no que tenho, mais nada.
Levanto da cama e sinto o cheiro incessante daquele perfume que você me pediu pra comprar pra você. Ainda bem que você não está dormindo ao meu lado. Provavelmente deve ter ido embora mais cedo para fazer qualquer coisa. Qualquer uma das suas futilidades cansativas.
Me olho no espelho enquanto me arrumo para ir ao escritório. Porque eu não encontro o amor? Não era pro dinheiro trazer felicidade? Porque pra mim ele traz pessoas interesseiras? Eu quero amor. Quero amar e sentir que sou amado, não pelo o que tenho, mas sim pelo o que sou. Porque eu não posso encontrar o amor? Esbarrar com ele em qualquer esquina? Atropelar ele naquela maldita avenida que eu fico preso todo dia no caminho do trabalho? Porque não. Simples assim. O amor não é meu companheiro, não anda comigo, não gosta de mim.
Saio do quarto e esbarro naquela maldito garrafa de vinho que ela deixou jogada no quarto. Saco! Porque mesmo eu tenho que aturá-la? Eu não tenho... Mas não sei porque faço isso...
Pego o carro, fico preso no trânsito(denovo), resolvo coisas no escritório, saio mais cedo do trabalho, fico bebendo com os amigos e resolvemos ir nos divertir.
Bato na porta do quarto da mulher que será minha esta noite. Não que eu me importe muito com isso, na verdade acho o sexo sem muita graça com qualquer que seja a pessoa, já que eu não tenho amor. Mas com certeza ela não se incomoda... Ela vai ser como todas as outras e estará apenas esperando o meu dinheiro no final do programa.
Ela me oferece vinho. VINHO NÃO. Me lembra a outra. Nem quero estragar minha noite.
Peço Martini. Vermelho. Vermelho fogo. Vermelho vida. Vermelho sangue. Vermelha como a lingerie que a prostituta está usando. Transamos. Tenho que admitir que senti algo estranho, diferente, mas acho que foi impressão. Durante alguns poucos segundos que ela me olhou nos olhos na hora da transa, pareceu poder ver através de mim e ver o quanto eu buscava pelo amor. Impressão minha. Apenas minha louca vontade doentia de ser salvo.
Ela adormeceu. Boba. Como ela pode adormercer sabendo que tem dinheiro a receber? Não deveria ser esse seu maior interesse em mim? Deixo o dinheiro sobre o criado-mudo. Nenhum bilhete, nem teria pra que. Ela também não esperaria por mais do que o dinheiro.
Fecho a porta dando as costas pra mulher que dorme tranquilamente.
E assim eu volto a minha rotina, quem sabe um dia eu também volte aqui. Pra vê-la outra vez... Quem sabe.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009




Minha cabeça gira. O mundo gira. Meu quarto gira.
Ergo a cabeça lentamente olhando ao redor. As roupas no chão, os pratos sujos na mesa, a garrafa de vinho jogada ao lado da cama e o dinheiro sobre o criado-mudo.
Mais um se foi. Mais uma noite. Mais uma vez. Outro corpo. Outra boca. Outro gosto.
Quando você voltará? Você voltará?
Eu me sinto perdida aqui, sabe? Protegida apenas por esse personagem que eu criei dentro de mim. Sei que sou tola, claro que você não vai voltar, não é? Porque você voltaria? Como você voltaria? Pra mim? Nunca. Afinal, eu sou apenas mais uma das tantas mulheres com as quais você já deve ter deitado, e tocado, e beijado, mas nunca amado.
Você não percebeu, não é? Eu notei em você mais do que deveria. Era pra ser apenas mais um cliente, mas acabei notando seu sorriso meio torto, que na verdade não tinha nada de verdadeiro. Eu notei no seu olhar a solidão que o acompanha. Eu notei no seu toque a busca incessante pelo amor mais do que pelo prazer. Você me beijou, me tocou, mas não deve ter me amado, porque se foi. Sem dizer adeus deixando apenas o dinheiro como todos os outros. Nenhum recado, nenhum número de telefone. Nada. Você simplismente se foi.
E porque você faria diferente? Minha cabeça gira. Levanto devagar, tudo gira. É culpa do vinho de ontem? Culpa do sexo sem culpa? Não sei.
Me sinto perdida. Você pode me dizer o caminho? Ele pode? Ela pode? Eles podem? Alguém pode? Não, é claro que não. Porque não há caminho pra mim.
Tomo banho, troco de roupa e espero. A campainha toca. Com uma camisola discreta eu abro a porta enquanto meu coração bate acelerado iludido que talvez seja você. Decepção. Não, não é você. É outro. Mais alto, mais forte, mas qualquer coisa que não me importo em saber.
Ele conversa, bebe, me beija, me toca, me come. Fim de tudo. Eu passei o tempo te imaginando, imaginando seu toque, seu gosto, seu sexo. Tudo em vão, ele se vai. Deixa o dinheiro, também sem recado algum, como se eu me importasse com isso. Eu só queria o SEU recado, que nunca veio, assim como sua segunda visita.
Ele vai e minha cabeça volta a girar. Maldito vinho que me faz girar. A única vez que ela não girou foi quando você esteve aqui e pediu aquele martini vermelho luxúria ao invés desse vinho enjoativo.