quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

"Embora meu objetivo seja compreender o amor, e, embora sofra por causa das pessoas a quem entreguei meu coração, vejo que aqueles que me tocaram a alma não conseguiram despertar meu corpo, e aqueles que tocaram meu corpo não conseguiram atingir minha alma"


Onze Minutos - Paulo Coelho - Pág. 20

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A memória não me falha

Eu senti meu mundo ruir. Meu castelo de vidro estilhaçar-se. Meu conto de fadas ser levados pela maré de lágrimas que fluiu de meus olhos.
Eu ainda lembro do adeus. Do seu rosto marcado e da minha mão ardendo. Do seu timbre de voz e da lua naquela noite. Lembro de ter observado o céu por um longo tempo, talvez por não querer te olhar nos olhos, talvez por querer inutilmente impedir que as lágrimas saíssem.
A memória nunca falha quando é sobre você. Sobre nós.
Meu tempo parou ali. E eu apenas lembro de tudo sobre a gente. Isso é tudo que ocupa meus pensamentos. Fora isso eu não lembro de mais nada.
Nem lembro o tempo que faz que eu estou trancada nesse quarto. Olhando apenas para as paredes brancas que servem pra projetar lembranças suas.
Daqui, eu vejo apenas o que observo pela janela. A lua. Todas as noites. Tentando achar em cada uma delas, alguma semelhança com a daquele dia.
E eu me fecho no quarto revirando meus fragmentos de memória para relembrar nossos momentos.
Tudo parece tão vivo.
Eu vejo o seu sorriso na foto do porta-retrato ao lado da cama e sinto o gosto de cigarro vagabundo que tinha teu beijo.
Ainda sinto a frieza do piercing que batia contra minha língua e o cheiro de vodka e tabaco impregnado nos lençóis azuis. Ainda sinto a ponta de minhas unhas redesenhando a fênix tatuada em tuas costas.
Maldita memória que nunca falha.
Antes amanhã eu esquecesse do hoje, e hoje eu esquecesse do amanhã. E não precisasse, não pudesse, não quisesse reviver tudo outra vez.
E eu adormeço.
Abraçando um porta-retrato, cheirando um lençol e esperando o celular tocar. Remoendo e alimentando a esperança de ser acordada com aquela música de 3 Doors Down que tocava quando você me ligava.
Nem sei quanto tempo faz. Parei de contar o tempo.
Eu nem me lembro mais.
E adormeço.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma taça transbordando de loucura para jogar na cara da rotina.

Essas amarras da rotina que me prendem os movimentos
Quero arrebentá-las em mil pedaços ao primeiro pensamento
Quero acabar com a mesmice, com essa porra desse tédio
Quero xingar um policial, ou transar na escadaria de um prédio
Cansei dessas músicas de letras e estilos diferentes
Mas que sempre falam de amor, pessoas tristes e carentes
Cansei do mormaço do calor cotidiano infernal
E dessa merda desse vinho que tem o gosto sempre igual
Tudo me sufoca. Me segura. Me enclausura.
Eu quero é mais a aclamada liberdade
Tocar a campanhia de cada casa da cidade
Eu quero um surto de loucura, dançar no meio da rua
Cantar músicas idiotas na chuva, correr completamente nua
Quero mais ação, menos razão.
Eu quero gritos estridentes, gargalhadas demoradas
Muito álcool na cabeça e sexo nas calçadas
Quero rock'n'roll nas alturas, calça desfiada
All star sujo de terra, camisa dos Sex Pistols desbotada
Quero gente na minha cama, sendo todos de passagem
Homens e mulheres e muito mais libertinagem
Quero esmurrar alguém na rua e roubar todo o seu dinheiro
Vou me espreguiçar no sofá enquanto desajeito meu cabelo
Quero comer até me encher e desejar algo de alguém
Vou alimentar meu desejo sexual enquanto ainda tem
Quero todos os pecados correndo no lugar do meu sangue
Quero montar um banda de rock ou ser chefe de uma gangue
Hoje quero tudo sem medo, me entregar ao devaneio
Quero blasfemar contra mim mesma e cuspir no meu reflexo no espelho
Vou ir contra o cotidiano, tomar o navio através de motim
Encher a taça de loucura e deixar a insanidade se apossar de mim.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Mais uma dose de amor, bem forte por favor!

Me puxa. Me joga. Me segura pelos cabelos. Me beija.
Passeia tua mão em mim, me desvenda, me desmonta, me profana, me faz insana.
Uma vez. Ao menos uma vez.
Me toca do jeito que eu sempre imaginei. Do jeito que eu sempre quis e desejei.
Me deixa sentir teu corpo, teu rosto, teu gosto.
Me bate. Me fere. Me machuca. Me indaga o porque de tanto amor. O porque desse amor maluco que eu insistentemente nutro.
Me toca nem que seja pra fazer minha pele arder. Joga comigo. Me deixa jogar com você.
Me marca. Me descobre. Se alimenta de mim. E alimenta esse meu masoquismo doentio. Faz meu corpo arder em chamas em meio ao frio.
E eu sei que você vai embora mais tarde. Mas que se dane o depois, agora eu só quero saber de nós dois. Eu esqueço do passado ou do futuro e me fixo no presente isso aqui entre a gente. Me toma. Me tente.
Me faz e desfaz. Me usa e abusa. E me joga no canto, como uma boneca de pano.
E se vai, sem olhar pra trás. E não se preocupa ou me procura.
Mas eu não ligo e fico. Fico com a lembrança de que eu consegui uma vez o que eu queria. Fico aqui com a minha dor e a minha alegria.
E em uma noite qualquer quando a gente se encontrar, eu não vou ter nada pra falar.
Eu só vou querer mais uma dose de amor, bem forte por favor.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Um copo de calmaria com dois cubos de sanidade

A porta foi aberta, a luz invadiu a sala. As sombras foram aos poucos sumindo de forma acanhada. Aquela luz adentrou tudo ao meu redor e iluminou as mais obscuras frestas na parede de tintura falha.
Ela clareou meu dia e minha noite. Nem mesmo o céu em sua negritude consegue mais obscurecer minha vida.
Minha luz, sua luz, essa luz.
Essa luz do seu sorriso.
Tudo gira quando você está lá, nada fica no lugar, porque minha pele se arrepia e aquele calor gostoso e aconchegante se faz presente.
Efeitos da luz.
Clara e quente.
Minha luz é você, tem mais algo a se dizer no momento? Não! Não tem.
Sua luz quis se transformar em minha luz, e me preencheu. Agora a gente sente junto na beira da lareira com um copo de vinho com dois cubos de gelo.
Tudo parece tão calmo. Tão são.
Não há mais copos espatifatos no espelho ou marcas de soco na parede.
A luz mandou a escuridão pra longe.
E se o som tocar algo obscuro e a tristeza bater a porta, a gente se envolve na luz como em um manto e ri da cara da solidão.
Não há mais lugar pra ela, nem em mim, nem em você.
Não há mais eu, não há mais você, há o nós.
E somente o nós.
Entrelaçados pelas correntes quentes de luz.
Então enche o copo e vamos continuar sorrindo e vendo o fogo crepitar.
Enche o copo.
Um copo de calmaria com dois cubos de sanidade.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Eu sou assim mesmo.
Meio estranha, meio errante, com distúrbios de personalidade e um humor distorcido que oscila de instante em instante.
Com uma mente meio diferente, que aceita tudo e todos, com seus gostos e desgostos e que odeia preconceito e falsidade.
Sou assim com esse jeito de dizer na cara e mandar tudo se fuder quando o stress bate à porta. Um ser humano que nem parece humano porque não segue os fundamentos da humanidade.
Um ser que não se encaixa, que não se prende e que se perde dentro de si. Dentro dos próprios pensamentos, das próprias opiniões e dos próprios sentimentos.
Um ser que não se prende, mas se perde. Talvez se perca por não se prender, talvez não se prenda por querer estar perdido.
Meio distante, meio perto demais, que não sabe quando vai, pra onde vai, mas sabe que vai. Sabe que não fica. Nunca fica quieta em um lugar só. Balança a perna quando tá sentada só pra não ficar parada.
Porque nada para. Nem o tempo para, então a gente não deve parar. 'Dormir não dá XP' já diz as boas línguas, ou más, quem se importa.
Ninguém se importa com nada mesmo.
Pra mim nada tem sentido. E por não ter sentido que é legal. Porque a gente busca o sentido, e se quebra, se fode, estoura a porra da cabeça pensando em um sentido que não existe. E é isso que torna o nada interessante.
Sou assim mesmo. Um ser que vai e vem na corda bamba da vida, como um iôiô. Sou assim mesmo, aquela que quando não gosta, odeia. Quando gosta, ama.
Sou assim ou 8 ou 80.
Vou seguindo, chorando, sorrindo, quebrando os copos, esmurrando as paredes ou gritando na frente do espelho. Mas vou seguindo.
Já disse que vou.
Não sei quando, nem pra onde, mas me espere que eu vou.



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