quarta-feira, 14 de outubro de 2009


Cabelos desgrenhados, camiseta e calcinha, dor de cabeça e pés no chão. Sentei-me na beirada da cama e vi o quarto rodopiar. Efeito da vodka ou do perfume adocicado da noite anterior? Não sei dizer.
Olho o cômodo ao meu redor e não encontro ninguém. Estou sozinha. Mais uma vez. Já faz uma semana que a lua me traz companhias e o sol as tira de mim.
Vários rostos, vários gostos, várias bocas, vários corpos, vários cheiros, várias curvas. Curvas sinuosas, provocantes, mas nunca perigosas o suficiente para fazer com que eu me acidente. Nada que me faça bater contra os muros da paixão. Nada que me faça cair nos penhascos do amor. Não mais.
Nenhuma dessas curvas são iguais aquelas. Apenas determinadas curvas me fariam capotar meu carro. Aquelas malditas curvas que me tiraram o sossego durante noites a fio. Curvas completas. Com seios perfeitamente desenhados, de bicos rosados e formas arredondadas. Com cintura fina e quadris largos. Aquelas malditas curvas de asfalto plano que faziam deleitar-me analisando milimetricamente cada centimetro delas.
Caminho até o banheiro com a cabeça rodando. Vou até a pia e deparo-me com o espelho acima desta. Ainda estava lá. Mais de uma semana havia se passado, mas ainda estava lá. A marca do beijo que ela deixara. Que a minha deixara. Teria ela já em mente abandonar-me quando deixou aquela marca de batom? Seria aquele o seu beijo de despedida? Talvez...
Levanto a mão, cerro o punho, encaro o espelho... E choro. Não tenho coragem de socá-lo, de partí-lo em pedaços. Seria como despedaçar nossas lembranças juntas.
Toco de leve a a marca, com um medo absurdo de apagá-la. O formato dos desejosos lábios.
Não tinha o hálito inebriante, não tinha o gosto adocicado ou o calor afrodisíaco. Mas tinha o formato.
E eu choro. Olhando o formato daqueles lábios que outrora me pertenceram. Choro relembrando a suavidade e maciez dos mesmos. Choro desejando-os de volta com uma sofreguidão quase palpável.
O sol presencia o meu choro. Sozinha. Quando a lua chegar, ela tentará me convencer de ir atrás de outra ou outras curvas. Me embriagar, experimentar essas curvas e voltar a estaca zero.
Com o sol me tirando as companhias, a ressaca, os pés descalços, lágrimas salgadas e uma saudade doce impregnada naquela marca de batom vermelho.

3 comentários:

Adriana Magalhães disse...

Sozinha? Então é de uma mulher pra uma mulher, né? Ha-ha, logo soube. Não existe homem assim mais... pff. Eu bem que ia comentar: "aaah, queria um desses pra mim!"... mas tá que existe homem assim até, mas a coisa é mais complicada do que parece *viaja* :P

Amanda Galdino disse...

-é de mulher pra mulher sim. ^^ -

Anônimo disse...

Sim, é uma mulher... -q Homem assim so o Bill, e ele ja é mel rs *apanha eternamente* '-' ahn... (ninguem sabe quem é bill) enfim...
acho que não posso falar nada sobre isso, faz tempo que não sinto nada por ninguem, devo tá virando uma estatua ahauhuaha '-'