tag:blogger.com,1999:blog-2116500984643476182024-02-19T08:57:53.529-08:00Um gosto por saboresAmanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.comBlogger187125tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-46000384094564489552012-06-21T16:10:00.001-07:002012-06-21T16:10:34.395-07:00<a href="http://juliaeuenossahistoria.blogspot.com.br/">http://juliaeuenossahistoria.blogspot.com.br/</a>Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-82490271705279240032012-04-18T15:47:00.001-07:002012-04-18T15:47:55.195-07:00Not yet. Not today.Você tem um jeito todo bobo de desviar do assunto. Olha de lado, fala sobre o tempo. Me diz que estou bonita só pra cortar os dizeres pela metade.<br /><br />Tem o hábito de elogiar a minha roupa, ou enfatizar o quanto você gosta daquele batom vermelho, mas quando indago sobre o gostar de mim, você afina os olhos naquele sorriso despretensioso.<br /><br />Você tem todo esse jeito de não dizer o que pensa ou sente. Mantém todo o charme do pode ser e me deixa fazer papel de boba pra depois segurar no meu queixo e dizer que tudo está bem. <br />Sempre espera que eu tome a iniciativa e no fim desiste do jogo. Nunca deixa brecha para que eu entre, sempre parecendo água escorrendo entre os dedos. <br /><br />Você gosta de me ouvir falar o quanto eu gosto de você, e gosta de me ver esperar o retorno que nunca vem. Tem um jeito meio sádico de esperar o machucado para depois pensar na prevenção. <br />Nunca termina frases começadas deixando-as com múltiplos sentidos. Gosta de me deixar nesse labirinto e de me ver perder-me no caminho, sem achar uma saída, sem achar uma solução. <br /><br />Me olha nos olhos como quem tem algo importante a dizer simplesmente pra mexer no meu cabelo. Abre a porta, mas não me convida a entrar. <br />Você tem esse jeito meio assim, meio distante, meio frio, meio rígido. Aí depois desanda, diz algo bonito, me vê encher os olhos e volta atrás. <br /><br />Porque por mais que eu tente, e você tente, nós dois sabemos que essa não é a nossa hora.<br /><br />Not yet. Not today.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-90732843005689078792012-04-11T10:43:00.001-07:002012-04-11T11:08:01.151-07:00Balanceamento.Quando desando no contar, você desliza no ouvir. <br /><br />Falo mais do que faço e você mal fala. Quando começo, você termina. Quando você inicia, eu estou finalizando.<br /><br />Se sou travessão, você é ponto final. Se você abre aspas, eu fecho parênteses.<br />Você é parágrafo à frente na minha escrita, eu sou página à frente na sua leitura. <br /><br />E não é falta de sintonia, não. Há tanta química que faltam elementos para compor nossa tabela periódica. Sobra espaço pra ser preenchido com física, matemática ou história.<br /><br />Quando falo de Vinícius, você diz preferir Caio. Quando ouço Djavan, você cantarola Caetano. Nunca na mesma literatura, nunca na mesma sinfonia, nunca no mesmo espaço de tempo.<br /><br />Eu me calo, você transborda dizeres. Você fica bravo, eu sorrio disfarçado. Eu abro o Word com correção automática, você rabisca o papel com a caneta. <br /><br />Mas sem você eu me perco. Quando você não está aqui, ao redor, sou verso sem rima. Sou fim de frase morta. Sou ponto e vírgula. Nunca sou exclamação. <br /><br />E sem mim você desanda. Se torna sorriso por obrigação. É um bom dia sem o desejo de ser bom. Você vira frase negativa. <br /><br />Sem o nós, os nós desatam. Não há complemento. Eu deito no lado direito da cama, você coloca o travesseiro sobre a cabeça. E o sono abandona os dois. <br /><br />Eu encaro a parede, você o teto. E os pensamentos se cruzam. <br /><br />E é então que temos a certeza de que pra haver um, o outro tem que se fazer.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-818588522055168022012-03-26T11:37:00.002-07:002012-03-26T11:41:06.756-07:00Cotidiano.Nós sempre fomos os mesmos.<br />Como música em língua estrangeira, que não se entende o que foi dito, mas se sente a melodia. <br />Desde sempre fomos iguais. Mesmo diferentes. <br />Nunca mudamos por mais que quiséssemos. O restaurante era o mesmo, o número do pedido era o mesmo, até o vinho era aquele tinto com gosto doce demais que sempre me enjoava, mas que eu nunca discordei.<br />Tínhamos planos, projetos, trajetos. Tudo era feito com perfeição, antecipado, nunca éramos pegos de surpresa. E eu odiava isso em você.<br />Eu odiava que você escolhesse o local das férias e o hotel onde ficaríamos. Odiava quando você decidia o tipo de molho de tomate no supermercado. Odiava quando tudo era pago no seu cartão de crédito.<br />E eu odiava não ir contra nada disso. Odiava o fato de aceitar por amor, de evitar brigas e transtornos. Talvez se eu fosse mais segura, eu teria gritado com você e escolhido praia ao invés de montanha nas férias. Só pra contrariar.<br />Tudo em nós era rotina.<br />Eu chegava sempre mais cedo do trabalho e preparava um macarrão com queijo. Você chegava sempre 45 minutos depois de mim, tirava a gravata, reclamava do escritório, enchia o copo de uísque e colocava o vinil de jazz pra tocar. <br />Eu sorria enchendo minha taça de vinho e te mostrava o lado bom do seu dia, mas seu negativismo discordava com o olhar e você me abraçava pra evitar o assunto. O cheiro do seu cigarro invadia minhas narinas enquanto você me beijava o pescoço. E fazíamos amor. De forma enlouquecedora, pois era o único lugar onde éramos um na mesma vontade e sintonia. <br />E tudo seguia assim. Monótono. Igual.<br />Até que um dia deixou de ser. Eu briguei. Você gritou. Nós discordamos. E evoluímos. <br />Eu quebrei seu vinil, você rasgou meu melhor vestido. Nós fechamos o ciclo. E não houve lágrimas.<br />Não restou nada de nós. Nos tornamos dois cacos de um vaso quebrado que não tem conserto. Nunca notamos que éramos dois, e que dois é melhor que um.<br />Nos perdemos no caminho e não buscamos a saída. Não temos mais jeito. Não somos os mesmos, nunca fomos, e nunca seremos. Não há solução.<br />...<br />E ainda assim eu preparo o macarrão com queijo, espero 45 minutos e quando você não chega, eu observo os papéis de divorcio sobre o centro da sala, encho o copo de uísque e ouço jazz. Porque você não percebeu, mas não foi o seu vinil preferido que eu havia quebrado.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-4810265871255697332012-03-21T20:08:00.000-07:002012-03-21T20:09:07.392-07:00Pessimismo.O problema é que eu sou uma pessimista assumida. Daquelas que quando está alegre acredita que em breve algo acontecerá e toda aquela felicidade se dissipará ao vento. É horrível, acredite, eu sei, mas essa é uma verdade sobre mim.<br />Quando estou feliz, com um estado de espírito manso, sou poço sem água. Sou vazia pra poemas. Sou verso mudo. Incompleto.<br />Não aprendi a falar de amor positivamente. Tudo se compõe dentro de mim quando o sentimento é sofrido, quando há feridas não cicatrizadas, quando não há reciprocidade no querer. <br />O problema é que eu sou uma pessimista assumida. Tenho dito.<br />Não canto olhares correspondidos, não escrevo sobre corações unidos por laços inquebráveis, não pinto quadros com sorrisos. Sou folha seca ao vento de outono quando há paz ao meu redor. <br />Sou adepta do platonismo. Sou fascinada pelo encanto das lágrimas rolando pelo rosto. Me encanta quando o coração sangra, quando a dor não pode ser suprimida pela morfina. Quando a doença não é tratável pelo médico. Quando injeções não resolvem o problema. <br />Não acredito no para sempre, e só falo quando o para sempre acaba. Antes disso sou música fora de tom. Sou nota destorcida, violão desafinado. Quando o para sempre ainda está deitado ao lado da cama, eu sou flor murcha. Sem perfume.<br />Quando me faltam palavras, me falta o chão. Sou o que sou porque escrevo, e quando não escrevo, me sinto morta. Eu morro quando o amor é feliz. <br />Eu preciso que ele seja destruído. Preciso de um peito despedaçado e muitos socos no travesseiro. Preciso de lençóis encharcados pelo choro da madrugada, de copos quebrados na parede, de gritos presos na garganta. Preciso de alma em frangalhos.<br />Se tudo corre bem, eu não estou bem. Eu me perco sem poesia e as rimas se vão como borboletas ao vento. E no fim, eu me sinto só. E aí escrevo.<br />Porque eu sou daquelas que precisa que tudo chegue ao fim pra poder começar a primeira linha.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-82038545760831806792011-08-14T08:59:00.000-07:002011-08-14T09:10:35.274-07:00Decisão.Quando eu fecho os olhos e respiro fundo, eu decido seguir em frente. Revivo mentalmente cada palavra já dita e chego a conclusão de que não há solução para o nosso problema. Talvez ele nem mesmo seja um problema, mas toda a complexidade existente em nós, nos faz confundir e difundir as coisas.
<br />E então nos perdemos no caminho.
<br />Quando eu fecho os olhos e respiro fundo, eu decido não olhar pra trás. Relembro bem todos os olhares e sorrisos que eu nunca consegui entender o significado, todo o quebra-cabeça que é você e que parece que eu nunca vou montar. Somos animais por vezes nem tão racionais assim, que se buscam e ao se encontrarem não se dão conta.
<br />Estúpidos seres humanos alimentados de sentimentos.
<br />Mas é quando eu decido seguir e não olhar pra trás que você me volta com as palavras doces e de aroma inebriantes, que me fazem perder o foco, o raciocínio e as forças nas pernas que me levariam adiante. Você me volta com sorrisos e olhares que me fazem voltar a questionar a minha decisão de ir embora.
<br />Não me diga palavras doces se elas serão seguidas de ações amargas. Não use dos meus sentimentos e não abuse de minha vontade de te ter. Não zombe do meu querer e não desdenhe do meu coração.
<br />Se for pra dizer, que diga a verdade, que seja intenso e verdadeiro e que esteja pronto pra assumir suas ações. Os seres humanos tendem a gostar de se manter nesse rolo de linha, nessa bola de neve que só cresce, mas não resulta em nada. E o nada nunca é bom. O nada é falta.
<br />E eu odeio a falta.
<br />Quando eu resolve tomar uma decisão pra finalmente pôr um fim nesse turbulento pseudo-quase-talvez-futuro-relacionamento você me volta com dizeres que me fazem bambear na corda bamba e me deixar pender pro lado errado. Se ele for mesmo o errado.
<br />Não sei. Você faz isso. Me faz não saber de nada.
<br />Me faz perder-me num quarto com paredes pintadas de tantas cores mistas que me causam uma visão psicodélica do mundo ao meu redor. E eu nunca sei o que é verdade e o que não é. Você me faz perder o senso, a razão e ter vontade de me jogar de cabeça em algo que eu não sei no que vai resultar.
<br />Você me faz demais. Ou de menos.
<br />E tudo o que eu quero, é uma decisão.
<br />Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-57355583497029114352011-08-02T15:46:00.000-07:002011-08-02T15:50:41.319-07:00Amanda e o mar.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEWZ1gjVogbKRq7MrLLV1WxUhGxgNPF22qjquk56RUqzaldhhJVDWa4cnQMjj3zkaTqVuRO5C27Sz-fBQ6h0UvAOeXumbtfWTOIb7-Zd_QjHKAuFrLq3nwSQhSUL_oLbNbhWoe1yKwfB7q/s1600/02.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEWZ1gjVogbKRq7MrLLV1WxUhGxgNPF22qjquk56RUqzaldhhJVDWa4cnQMjj3zkaTqVuRO5C27Sz-fBQ6h0UvAOeXumbtfWTOIb7-Zd_QjHKAuFrLq3nwSQhSUL_oLbNbhWoe1yKwfB7q/s320/02.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5636394633436716322" /></a><br /><br />Todos os encontros dela com o mar são assim.<br />Envoltos numa confiabilidade e confissão.<br />Ela sempre chora sentimentos e angústias.<br />E sempre deixa a água salgada lavar seu coração.<br />Em todos os encontros dela com o mar, sempre chove.<br />Parece até um ritual de aproximação.<br />Seus segredos mais ocultos são contados em cumplicidade.<br />E as águas a recebem com toda a sua dedicação.<br />E ela sempre pede ajuda para entender-se um pouco mais.<br />Confessa arrependimentos que lhe ferem a alma.<br />E a mãe das águas sempre a ouve silenciosa<br />Pra depois lhe sussurrar que é preciso ter calma.<br /><br />Iemanjá lhe mandou um recado em sua última visita<br />Disse-lhe sussurrado pelo vento o que o coração dela necessita<br />'Deixa correr tuas lágrimas aqui, que o mar há de entender tua dor<br />Conta teus segredos no ouvido dele, que ele leva na maré pro teu amor. '<br />E ela pede em prece que seu apelo seja ouvido<br />Ela chora silenciosa como quem desabafa com um amigo<br />Enquanto eles 'conversam' as águas parecem cantar<br />Um canto belo e triste sempre entoa nos encontros de Amanda e o mar.<br /><br />Mesmo quando o sol vai embora a beleza não se vai<br />O momento se prolonga com o cair da noite fria<br />A brisa levanta os cabelos dela<br />E o reflexo da lua sob o mar se cria.<br />Esse coquetel de areia e sal que os olhos não alcançam<br />Limpa a alma dos românticos enamorados<br />Ela sabe que seu confessionário particular<br />Também envolve em seu manto úmido os corações abandonados.<br />Logo ela que sempre corre na direção da maré<br />Se vê perdida sobre pra que lado seguir<br />Mas seu coração é acalentado<br />Toda vez que o mar pra ela sorri.<br /><br />Iemanjá lhe mandou um recado em sua última visita<br />Disse-lhe sussurrado pelo vento o que o coração dela necessita<br />'Deixa correr tuas lágrimas aqui, que o mar há de entender tua dor<br />Conta teus segredos no ouvido dele, que ele leva na maré pro teu amor. '<br />E ela pede em prece que seu apelo seja ouvido<br />Ela chora silenciosa como quem desabafa com um amigo<br />Enquanto eles 'conversam' as águas parecem cantar<br />Um canto belo e triste sempre entoa nos encontros de Amanda e o mar.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-13559558731783440092011-08-01T12:26:00.001-07:002011-08-01T12:26:19.805-07:00Por fim.No meio da noite ela chora. Seu lençol roxo fica úmido com suas lágrimas sofridas. No meio da noite ela observa seu reflexo no espelho. Observa seus olhos inchados e vermelhos. Observa suas unhas por fazer e pelo reflexo vê também o mural de fotos na parede.<br />Passa seus dedos entre o cabelo embaraçado. Não se dispõe a acender a luz para não ter mais nitidez do que vê no vidro refletor. Pede em seu íntimo que em algum momento aquela dor passe e que ela possa voltar à vida. Reza silenciosamente que seu coração deixe de sangrar e que ela tenha coragem para abrir as cortinas e deixar o sol inundar seu apartamento. E sua alma. <br />Caminha pelo quarto de pés descalços. Pode sentir o frio da cerâmica sob eles e não se abala. Já está abalada demais pra se preocupar com qualquer coisa. Observa o mural de fotos apenas pela luminosidade da lua refletida dentro do quarto. Vê beijos, sorrisos, dedos entrelaçados, abraços. Se vê naquele mural ao lado dele. Cada encontro, cada momento registrado ali. Soca a parede com força. Mais uma vez. Mais uma vez. Sente o sangue correr forte pelo corpo. Sente um latejar na pele. Sente a dor em sua carne. <br />E a ignora. Soca mais uma vez a parede. E outra. E outra. Mas não ouve som algum. Seus sentidos foram abafados pelo som de sua alma gritando dentro dela. Ela engole à seco e soca a parede mais uma vez. Sente a pele se romper e uma ferida se abrir. Encara as fotos diante de si e novamente desconta a raiva na parede. O branco deixa de ser branco quando o vermelho do sangue dela mancha tal alvura.<br />Mantém-se ali por um instante. Sente a dor no punho e chora ainda mais. Pragueja contra aquele que roubou seu amor, contra aquele que tomou-lhe o coração e que tirou o sentido de sua vida. Olha o rosto dele nas fotos. Seus olhos. Seus lábios. Seus cabelos. Fecha os olhos e inspira. Ainda pode sentir o cheiro do perfume dele no quarto. Arranca foto por foto do mural. E as rasga. Com uma gana de quem tem em mãos o coração daquele desgraçado e o está destruindo. Cada imagem partida em mil pedaços se equipara a forma que o coração dela se encontra. Ela grita de dor, arrependimento por ter se entregue, chora descompassadamente e rasga foto por foto. Com uma ira perturbadora. Com um sofrimento mais que palpável. <br />Depois de nada mais restar inteiro, ela se joga na cama. E rasga os lençóis. Seus dedos doem, sangram. Ela se esforça, puxa de um lado, parte do outro. O cheiro de almíscar invade-lhe as narinas. O perfume dele está impregnado em cada parte do quarto. Ela rasga os lençóis, quebra o espelho, destrói a penteadeira. Revira a cama. Derruba o guarda-roupa. Desconta toda a raiva contida dentro de si. Chora sua perda, sua dor, seu sofrimento, seu desespero. E quando não há mais lágrimas ela abre a janela.<br />Nota a lua a observar-lhe lá de cima. Olha pra baixo, são apenas doze andares. Não vai demorar tanto. Ela vê o movimento nas calçadas. Os carros que vão e vem. Ela puxa as cortinas e se põe de pé no parapeito. Suas mãos doem, ardem. Sangram. Como seu coração. Ela respira mais uma vez, um ar puro. Sem o perfume dele. Todas as imagens estão se apagando lentamente. Como fotografias perdendo a cor. Ela abre os braços e caí. Tudo fica escuro.<br />Por segundos as imagens passam em sua mente e ela consegue ouvir o som do próprio coração. Finalmente. Seu coração está de volta onde deveria. Ela então pode sentir paz. Seu fim, afinal, não foi tão ruim assim.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-81333811607220261412011-07-24T11:14:00.000-07:002011-07-24T11:27:21.726-07:00Sobre o sentir.Quando pequena, eu acreditava em conto de fadas. Esperava na janela um príncipe que viesse em um cavalo branco me levar pra um castelo maravilhoso onde eu seria eternamente feliz. <br />É isso que faz uma criança ser pura. Sua inocência.<br />Com o passar dos anos aprendi que contos de fadas são apenas contos. Histórias ilusórias contadas pra fazer meninas sonharem com amores perfeitos. <br />Outra ilusão. Amores perfeitos não existem. <br />Não existe princesa e nem príncipe encantado. Ninguém é perfeito. <br />Hoje não acredito mais em conto de fadas, mas acredito nas pessoas. E no amor. <br />Queria eu não acreditar. Isso de sentir fere a gente, como ferro quente queimando a pele. Fere e machuca. <br />Tenho em mim essa síndrome shakespeariana que me faz acreditar que tudo pode ser melhor, que o amor pode se fazer presente e que a felicidade está a um toque de distância. Queria eu ser menos crédula na humanidade. <br />Mas mesmo diante de um mundo deteriorado e uma sociedade subversiva, eu ainda acredito em uma solução, em um lugar melhor e no coração das pessoas. E acima de tudo acredito no amor. <br />Acredito que o amor pode salvar, e ele salva. <br />Hoje sobre esse sentir, eu tenho dúvidas. Nunca fui boa com isso. Costumo fazer 90% das coisas bem, mas quando os outros 10% envolvem isso de sentir, eu sempre acabo fazendo algo impulsivo. Maldita mania de querer me jogar de cabeça nas coisas. <br />Agora me pego aqui, sem saber o que pensar, ou o que sentir. Me pego questionando-me sobre uma possibilidade. Ou se realmente ela existe.<br />Encontro de olhares disfarçados, sintonia, sorrisos e vez ou outra gestos, me deixam confusa. Você me deixa confusa. <br />Me pergunto agora se isso é uma tentativa do destino de me levar de volta aos contos de fadas. Se é uma pegadinha para que eu me torne criança novamente.<br />Só porque outro dia acordei com vontade de ver balões coloridos e cantar para o mundo. Isso de sentir é mesmo estranho, ainda mais pra mim que sou ligada em coisas simples. Talvez eu ainda tenha em mim aquela criança pura que sorria ao final de todo 'E foram felizes para sempre'. Talvez ainda haja aqui dentro uma criança dormindo e esperando que o som de um cavalo se aproximando a desperte. <br />Por hora, só o que posso fazer é esperar. E tentar me entender e te entender. <br />E talvez fazer com que nos entendemos. <br />Agora só me resta ver se o destino vai me levar a um conto de fadas pra me fazer voltar a crer, ou se ele vai apenas mais uma vez passar na minha cara que finais felizes não existem. Ou ao menos pra mim.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-11148518359267038682011-07-11T21:54:00.001-07:002011-07-11T22:31:09.019-07:00Hoje decidi mover. <br />Hoje decidi deixar tudo pra trás e seguir adiante. Sem me atrever a virar o pescoço na direção do passado.<br />"Se não for eu, quem mais vai decidir o que é bom pra mim?" *<br />Vou trocar o papel de parede do quarto, vou mudar os móveis de lugar. Vou trocar o sazón pelo knorr, só pra mudar o gosto da comida. <br />Vou terminar meu livro, pintar um quadro, cortar o cabelo, fazer uma tatuagem, revirar tudo de pernas pro ar. <br />O que eu quero é isso, aproveitar. <br />Decidi por vida nova, e vida nova requer intensidade. <br />E hoje quero uma dose de tequila, punk rock nas alturas e sexo até o amanhecer. <br />Porque vida nova se começa com o pé direito.<br /><br /><br />* Los Hermanos - O velho e o moçoAmanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-63203304068449923872011-06-08T00:53:00.001-07:002011-06-08T01:15:48.659-07:00Esse momento sempre chega para aqueles que se devotam ao amor e sofrem descompassadamente por culpa deste. Esse momento chegou pra mim.<br />O momento em que me olho no espelho e não me reconheço. Onde no lugar do sorriso estão as lágrimas e no lugar da serenidade encontra-se o desespero.<br />Esse momento onde o cabelo desarrumado e o batom borrado já não fazem diferença. O momento onde toda a angústia, raiva e decepção dão vontade de socar o vidro que reflete a face da solidão.<br />O som da chaleira anuncia a água fervendo. Tudo o que eu queria é que o café pudesse me curar de você, acima da ressaca. <br />Não me resta mais moral, não me resta mais motivo, alegria ou nada que importe.<br />Agora fito meus olhos inchados no outro eu refletido diante de mim e me sinto uma criatura miserável, desprezível, que precisa preencher a cama todos os dias com alguém diferente só porque não pode ter uma única pessoa.<br />Alguns acham que eu não tenho coração. Aqui, declaro a vocês que realmente não o tenho.<br />Ele foi tomado de mim, arrancado à força, levado numa mala e nesse momento deve estar enfeitando uma estante de troféus. Em seu lugar restou um vazio constante que eu busco desesperadamente preencher através de qualquer sobra de sentimento que possa existir por perto.<br />Mas eu sei, no fundo, que os meus amores de uma noite, não tratam realmente de amor.<br />Tomar banho depois do sexo não é amor. Fumar um cigarro depois do sexo não é amor. Esperar o outro dormir enquanto fita o teto e depois vestir a roupa e sair em passos silenciosos não é amor. <br />Com você eu aprendi que sorrir depois do sexo é amor. Que abraçar e olhar nos olhos depois do sexo é amor. Que amanhecer no outro dia com o sol na cara, sem roupa e uma mão entrelaçada na sua é amor. <br />Você me ensinou mais do que eu poderia pedir, porque você também me ensinou sobre dor. <br />E se hoje sou um monstro amargurado que quebra corações com salto fino, a culpa é sua. E se hoje não dou amor porque não tenho mais esperança de recebê-lo, a culpa é sua.<br />É sua culpa que o espelho reflita face tão digna de pena. É sua culpa que eu me embriague entre copos e corpos na vã ilusão de te encontrar em algum desses vários beijos. É culpa sua se o café é amargo, se a escuridão é assustadora e se a solidão é companhia.<br />E se hoje o que me resta são noites de insônia, litros de vodka e sexo com alguém que nem vale a pena citar no outro dia, eu devo tudo isso a você. Porque você me jogou nesse inferno depois de ter me apresentado o paraíso.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-31500254517245591872011-05-06T11:30:00.001-07:002011-05-06T11:30:49.122-07:00Manchas.Pintei todas as paredes de branco. Tirei todos os quadros e fotografias. Apaguei todos os vestígios de momentos felizes que um dia foram presentes.<br />Eu posso ouvir o barulho da chuva batendo contra o telhado, e posso sentir a solidão batendo contra a porta. Tomar um café quente observando a chuva pela janela não me aquece em nada. <br />Porque a solidão é fria. Fria e amarga. Como o meu café está ficando. Eu olho o sofá vazio, a televisão ligada no mudo. O retrato do meu mundo.<br />Não ter com quem dividir o edredom ou essa xícara de café. Eu sinto as lágrimas brotarem nos olhos e a vergonha brotar no peito, quando vou contra a minha promessa de não mais chorar. Um grito silencioso ecoa dentro de mim e o único som que inunda o apartamento é o da porcelana se estilhaçando e manchando a parede alva. Agarro-me aos joelhos e choro. Permito-me. Estou sozinha. Sempre estarei. <br />Os lençóis azuis eu joguei fora. Eles tinham cheiro de vodka e cigarro mesclado com aquele seu perfume amadeirado. Eles tinham seu maldito cheiro. A única coisa que ainda restava, estava agora aos pedaços no chão. Aquela xícara parecia ter seu gosto e formato na borda. <br />Logo eu, que não queria me apegar, agora podia ouvir as paredes ecoando sua voz me dizendo: ‘Entregue-se baby’. <br />E foi o que eu, ridiculamente, fiz.<br />Me entreguei por meses, de toda a alma e corpo e agora só o que me resta é um quarto vazia com lençóis novos, o lado direito da cama desocupado e o cheiro de tinta fresca.<br />O que me desespera é saber que amanhã quando eu voltar pra casa, a única coisa que vai ter à minha espera é uma garrafa de café vazia e aquela mancha na parede.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-38913077613342450282011-04-07T07:00:00.000-07:002011-04-07T07:17:21.843-07:00Sleep AloneQuando a gente está só, quando a gente termina só, é porque era pra ser. <br />Por mais que eu revire as caixas, busque memórias e releia mensagens, eu sei que nada vai voltar a ser como era antes. E eu nem sei mais se quero.<br />Às vezes tenho vontade de jogar tudo pro alto e esquecer isso de amor. É uma coisa complicada demais de se pensar, e difícil demais de se sentir. <br />Acho que temos em nós essa necessidade de companheirismo, mas isso não implica dizer que não sejamos capazes de viver sozinhos. Podemos sim, só não queremos. <br />Eu posso sair todas as noites, paquerar inúmeras pessoas, tomar todos os drinks, talvez trocar alguns beijos, mas sei que no final de noite eu vou dormir sozinha. <br />Porque essa é a sina na verdade. <br />A verdade é que nada nos completa 100% e que não importa o momento, uma hora estaremos só. Nem que seja na hora da nossa morte. <br />Viemos sozinhos ao mundo e sozinhos sairemos dele. É o destino, e não adianta lutar contra isso. <br />Então apenas me adaptei a ideia de que posso viver só, porque é assim que é pra ser. <br />Não sirvo pra isso de amor, é um vestido grande demais que me cobre por completa e não me deixa respirar direito. <br />E ele não tem do meu número.<br />Talvez sirva pra algumas pessoas, mas não pra mim. Já me conformei e não é algo pra se ter pena. É apenas a realidade. <br />Agora eu posso notar a luz das estrelas que entram pela fresta da janela em meio à noite e virar para qualquer lado da cama. Sem me preocupar em esbarrar em alguém.<br />Sou espaçosa e tenho a cama, o quarto, a casa toda pra mim. <br />Vou fechar meus olhos, me enrolar no lençol e dormir sozinha mais uma vez.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-50000909419161777602011-03-09T13:03:00.001-08:002011-03-09T13:03:56.963-08:00SaudadeO triste é que a saudade tende a ter cheiro doce, inebriante, acolhedor, que faz a gente sentar e sentir. O normal seria pular da cadeira e partir pra outra. Sair, ver o sol, cumprimentar estranhos na rua e sorrir. Até a face doer. <br />O normal seria ir atrás do que importa e não ficar remoendo mágoas e chorando casos pensando em acasos. Mas nunca é assim.<br />A gente senta pra ver um filme, se entope de besteira, chora até não poder, fica na fossa e dorme ali mesmo no sofá, entre lençóis que iludidamente nos lembram o cheiro daquele que partiu. Agora, me diz pra que?<br />Como se isso fosse mudar tudo no outro dia. Como se fossemos acordar de um sonho ruim e ver que aquele braço ainda está sobre nosso corpo quando o sol nasce. O que nos resta na verdade é o nada, um vazio incoerente que teima em tentar preencher-se de lembranças de momentos que não voltarão. Nunca voltarão.<br />O triste é que a saudade tende a ter cheiro doce. E a gente gosta do doce, geralmente gosta. Aí se apega e fica ali só pra sentir aquele cheiro que remeta àquela pessoa. Doce ilusão de um coração quebrado que não tem conserto. Quem diabos inventou a saudade? Foi também o mesmo que inventou a solidão, a frustração, a mágoa e a dor. Só pode ter sido.<br />Provavelmente um sádico maluco que por ser maluco compreendia o ser humano mais do que tudo. Os malucos são sempre gênios. E ele (ou ela, sabe-se lá) sabia que o comportamento do ser humano é sempre o mesmo: manter-se cômodo.<br />Pra que levantar e seguir adiante se tudo o que nos importa nos puxa para trás? Prende-nos ao passado? Melhor é ver filme preto e branco, gripar com tanto sorvete e encher a caixa de mensagens do outro entre uma lágrima e outra. <br />Porque pior do que a saudade, é não ter de quem sentir falta.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-65557104112623489622011-03-07T15:28:00.000-08:002011-03-07T15:47:00.256-08:00Já faz um tempo que eu não escrevo. Isso de vida nova acaba com a gente, ainda mais quando o nova é superficial, quando nada mudou por dentro e quando a gente olha no espelho e só o que mudou foram os rostos que vemos diariamente. <br />Outro dia senti a solidão latente em meu peito. Andei por ruas que eu não conhecia, sentei em uma praça qualquer e observei a vida. O duro de ir embora é saber que as faces que você encontra no caminho são sempre desconhecidas.<br />Senti o que é ir e vir sem companhia, sem ter pra quem contar algo que se quer contar. Senti a solidão e doeu. Me permiti arrependimentos, questionamentos e lágrimas. Chorei porque senti doer. Fiquei feliz por ainda sentir.<br />Esperando o tempo passar, eu ouvia o som dos pássaros mesclado com o barulho dos carros. Olhei os altos prédios e as árvores que pareciam pequenas e esmagadas entre eles naquela pequena praça. Observei o trânsito parar diante daquela pequena luz vermelha, e seguir quando ela se 'transformava' em verde. Pensei o qual interessante seria nossa vida se houvesse um semáforo nos dizendo quando parar e quando seguir adiante. Vi o céu escurecer, as ruas esvaziarem-se de pedestres e encherem-se ainda mais de carros. <br />Depois de desabafar no choro e entender um pouco mais sobre solidão, levantei e caminhei lentamente pra aula. Ainda sinto o gosto da solidão vez ou outra embaixo da língua, mas dizem que depois de toda a tempestade vem a calmaria ou o inverso disso. De qualquer forma, estou esperando o meu vendaval tornar-se brisa.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-56998173742319303152010-11-15T22:49:00.001-08:002010-11-15T23:04:08.736-08:00Agora, eu queria o mar. <br />O mar, uma dose com muito gelo e papel e caneta.<br />Queria sentir a areia entre meus dedos quando as ondas se dissolvessem aos meus pés. <br />Tenho a mania de achar que a natureza inspira. Gosto de olhar o céu, as árvores, e o mar. Principalmente o mar.<br />Em toda a sua vastidão e plenitude.<br />Lembro-me que uma vez comparei os sentimentos com a areia. Por serem difíceis de sair e gostarem de água salgada. <br />Queria um pouco de areia agora, pra combinar com esses sentimentos grudados em mim.<br />Queria ver o mar, sentir a brisa leve trazida pela maré, lavar o corpo e alma nas águas salgadas. E apenas as salgadas do mar.<br />Outro dia eu chorei ao pensar no mar. Chorei por ele e por mim.<br />Chorei por ele ser como eu. E eu ser como ele. <br />Tão vastos, tão independentes e dependentes. Tão aptos a receber tanta gente e tão acostumados a estarem sozinhos no final da noite.<br />Queria estar com o mar agora. Ser sua companhia e fazer dele a minha. <br />Queria ser sua sereia e cantar baixinho ao ouvido do mar. E deixar ele cantar ao meu ouvido.<br />O mar parece me entender. Não é sempre que vou ao mar, sabe? Mas quando vou, sempre me sinto completa.<br />Queria o mar em mim e eu no mar. <br />Queria o mar, uma dose com muito gelo e papel e caneta.<br />Queria fazer do mar a minha inspiração, queria falar do mar, cantar ao mar e estar no mar. Com o mar. <br />Quando estou com o mar eu me sinto bem, transparente e sinto que posso tudo. E conto tudo. Fala dos meus problemas, ou os escrevo diante do mar. Escrevo e jogo para o mar ler. Choro diante do mar, desabafo ao mar. <br />Pensando agora, o mar sabe muito de mim, eu que não sei quase nada do mar. <br />Agora, eu queria o mar.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-13983288176810134242010-11-05T15:42:00.000-07:002010-11-05T15:44:55.397-07:00A verdade meu amor, a triste verdade...<br /><br /><br />É que não existe saudade nos braços de um outro alguém.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-61161738144034343732010-10-28T15:08:00.000-07:002010-10-28T15:13:11.674-07:00Outro dia acordei enrolada em lençóis e lágrimas.<br />Me levantei, encarei o espelho e não me reconheci.<br />Faltava o meu sorriso. O sorriso característico que frequentemente habitava os meus lábios, mas que por sua causa, havia sumido.<br />Meu rosto inchado em parte por sono em parte por choro, exibia uma face que eu nem mesmo queria encarar. <br />Durante alguns minutos que eu perdi no tempo, tentei manter meus olhos fixos naquela imagem, tentando em vão encontrar similaridade entra ela e eu. Nada.<br />Lavei o rosto e fiz um chá quente. Estava calor, mas não me importei com isso. <br />Reli algumas cartas suas, busquei fotografias perdidas pela casa enquanto o gosto doce do chá persistia no paladar.<br />Encontrei 'registros' nossos. Minha vontade inicial foi chorar, e chorei.<br />Nunca me nego a vontades.<br />Chorei como uma criança abraçando papéis. Depois a minha vontade era queimar, e pela primeira vez, me neguei a vontade. Coloquei tudo em uma caixa e tranquei em algum lugar pela casa. Resolvi te esquecer.<br />Seguir em frente.<br />Prometi pra mim que não mais me negaria, não mais choraria e não mais sofreria. <br />Dei um passo em falso pra cruzar a ponte, quando notei sua segurança, resolvi seguir em frente.<br />Vou atravessar a ponte, agora tenha outra mão me ajudando. Um que não é a sua, mas que eu vou segurar forte e não olhar para trás.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-78506524589698779132010-10-24T09:22:00.001-07:002010-10-24T09:40:30.195-07:00Hoje eu saí de casa.<br />Caminhei sozinha entre as ruas vazias de um domingo tedioso.<br />Coloquei créditos extras no celular pra ligar pra todo mundo da minha agenda telefônica.<br />Entrei em um restaurante e comi por necessidade, não por vontade. Ao meu paladar, nem gosto tinha.<br />Tomei uma coca com gelo e limão. Evitei o kuat pra não lembrar de você a cada gole.<br />Me permiti paquerar algumas pessoas, as quais eu sabia que não passariam de uma paquera.<br />Observei uma farmácia aberta, pena eles não terem remédio que conserte um coração quebrado. Senti a chuva vindo e não fugi dela. Não me importei com o cabelo ou a roupa, andei sob a chuva e senti-me lavada. <br />Reparei em algumas vitrines de lojas de roupa e critiquei a falta de senso de moda de quem a arrumou. Dei oi para estranhos na rua. <br />Peguei no celular umas três vezes pra ligar pra você e mudei de ideia.<br />Lacrimejei os olhos por detrás da lente escura do óculos. <br />Fiz uma prece silenciosa em minha mente, renovei as esperanças de um amanhã melhor, me fiz promessas que talvez eu não venha a cumprir.<br />Notei que estou abdicando de uma vida construída pra ir atrás de futuro incerto, que estou destruindo a minha base apenas para não precisar te ver e sofrer tanto assim.<br />Pensei em comprar umas cervejas para acompanhar o jogo de hoje. Ainda vou comprar daqui a pouco.<br />Vi alguns amigos seus passando na rua, eu sei que iam lhe encontrar.<br />Cantei nossa música pra mim mesma, chutei algumas pedras no caminho, e não me senti mais leve. <br />Vim pra casa com o mesmo gosto amargo de insatisfação na boca. A mesma tristeza entalada na garganta e as mesmas lágrimas teimando em sair por trás dos óculos. <br />Agora escrevo pensando no meu 'dia' e vejo que não importa o quanto eu tente, me esforce, saía e viva, vai ser sempre você em quem eu vou pensar a cada passo do percurso.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-21481158335326691112010-10-17T18:48:00.000-07:002010-10-17T18:58:48.346-07:00Depois de um longo tempo sem escrever, eu voltei.<br />Não porque antes não tinha o que escrever, mas sim, porque eu não estava sabendo colocar as palavras pra fora, em linhas, versos ou pensamentos perdidos.<br />Mas hoje, uma coisa boba em um seriado que eu estava vendo fez lembrar de nós. E me fez pensar em escrever. <br />Ontem eu lembrei de você, antes de ontem eu também havia lembrado. E assim vem vindo esse pensamento a um ano. E antes eu tinha medo de admitir pra mim mesma, que todos os que cruzaram o meu caminho não foram realmente significantes. Não menosprezando ninguém, mas são verdadeiras as palavras que dizem 'ninguém se compara a você'. <br />Hoje, há pouco, novamente pensei em você. Numa epifania entre um momento com amigos, coisas que eles disseram me fizeram novamente ter certeza de que ninguém é como você.<br />Hoje, eu entendo porque ninguém me faz amar como eu te amei, como eu te amo.<br />Porque ninguém tem o que você tem. Ninguém me compreende como você, ou me aceita como você. Ninguém tem olhos apenas pra mim como você. E ninguém fala comigo e me olha nos olhos como você. Ninguém me ama ou pensa em mim como você. Ninguém me beija, me toca ou faz meu coração disparar como você.<br />E a cada dia eu sinto isso mais intensamente em mim.<br />Por mais que eu não possa, por mais que eu não deva, eu sinto. E quero.<br />Te quero mais que tudo no mundo, desistiria de tudo por você e apenas por você.<br />Não consigo mais negar pra mim ou para o mundo que eu te amo de uma forma que chega a doer. Que é você que vai embalar cada sonho meu pro resto da minha vida, que não importa o que aconteça você vai ser sempre o meu primeiro e o meu único. <br />Eu te amo, demais. <br />E amanhã eu vou te dizer isso. Tudo isso.<br />Olhando nos seus olhos. Daquele jeito só nosso.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-33726054399376053672010-10-04T21:05:00.001-07:002010-10-04T21:05:46.166-07:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih8KFeAFiPE6i4S85q2kL5IzK_XPCND4xel8RyJjmM61XO9MbJAp5gY_G7E5uRJnhk_c8kD0Xy6K1MsbKexkukFEcDfxj41RdGsL7-E5Ba2zV0WJK0nho_FPJjgXcFg19j3ejmUrwVFPI0/s1600/_fragile__by_fe_e-d2ypg8t.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih8KFeAFiPE6i4S85q2kL5IzK_XPCND4xel8RyJjmM61XO9MbJAp5gY_G7E5uRJnhk_c8kD0Xy6K1MsbKexkukFEcDfxj41RdGsL7-E5Ba2zV0WJK0nho_FPJjgXcFg19j3ejmUrwVFPI0/s320/_fragile__by_fe_e-d2ypg8t.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5524408279989789650" /></a><br />Senti o gosto de solidão na ponta da língua.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-64407162078320974982010-09-30T21:23:00.000-07:002010-09-30T21:35:36.214-07:00Mesmo que eu chore lágrimas negras e grite<br />O amanhã irá chegar com uma face não familiar <br />E eu irei me deparar com a mesma dor <br />Se esses dias irão continuar <br />Então, quero ir para bem longe<br />Mesmo sabendo que isso é egoísmo meu.<br /><br /><br /><br />Anna Tsuchiya - Kuroi NamidaAmanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-73231197222646381832010-09-30T09:08:00.000-07:002010-09-30T09:09:41.758-07:00E eu achando que o amor, que o amor existia.<br />E você se calava e sorria... Só ria, só.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-8733000339493097262010-09-28T08:19:00.000-07:002010-09-28T08:24:08.095-07:00Eu não sinto mais o seu cheiro. <br />Por vezes procuro pelos cantos da casa algo que me faça poder relembrar. Por dias a fio, sofro na esperança de algo que me alimente de você.<br />Ligar já não é o suficiente, te olhar ou ouvir sua voz, já não é o suficiente.<br />A cada dia que passa, meu ser pena em busca de você.<br />Um pouco que seja de você.<br />E quando você está por perto, eu quero mais perto, mesmo sem poder.<br />E quando você está por perto, eu quero mais perto, mesmo sem dever querer.<br />Tentei tomar decisões que pudessem me afastar de você, mas nada parece funcionar. <br />Eu quero, eu realmente quero não ter de depender tanto de alguém, não ter que esperar tanto de alguém, não ter que fechar os olhos todas as noites e ter o mesmo sonho.<br />Eu quero, eu realmente quero poder sentir tudo isso por outro alguém, ou ao menos deixar de sentir por você, porque eu já não consigo mais conter tanto amor no peito.<br />Eu quero ir embora, esquecer tudo isso, me esconder de tudo e seguir em frente. <br />Eu quero ir embora e tentar recomeçar do zero, reinventar, inovar e tentar fazer diferente.<br />Quem sabe no futuro a gente se esbarre e quem sabe no futuro dê certo...<br />Mas por enquanto, eu só quero parar de pensar em você.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-211650098464347618.post-17667566703855559272010-09-06T12:54:00.000-07:002010-09-06T13:03:18.692-07:00Close the door.Sinto muito, eu não posso deixar.<br />Sei que por vezes você se debate e me sacode para que eu abra a porta e deixe-o sair, mas desculpe-me, eu não posso.<br />Não consigo me imaginar nesse quarto sem você aqui. Sem os vestígios de sua presença aqui.<br />Claro que ter apenas uma camisa com seu perfume e imagens soltas que eu vejo em paredes brancas não é a mesma coisa que tê-lo pessoalmente, mas ainda é algo de você e não posso deixar esse algo ir embora também.<br />Sinto muito, mas não posso abrir a porta.<br />Eu não consigo imaginar esse quarto sem as tuas lembranças. Por vezes, implorei e briguei comigo mesma querendo me impedir de mudar algo. <br />Por vezes lutei por dentro e modifiquei coisas.<br />Mudei de casa, de quarto, coloquei móveis novos, tirei móveis antigos.<br />Mudei as coisas de lugar e joguei fora roupas que me lembravam você.<br />Queimei cartas, rasguei cartões, corte fotos.<br />Mas nada. <br />Você ainda continua em mim. Chorei tudo o que tinha e podia pra tentar te lavar daqui, mas nada adiantou.<br />Te sinto aqui, hoje, tanta quanto te sentia há anos atrás. E por mais que você me olhe e lacrimeje pedindo que eu lhe deixe ir, eu não deixo.<br />Sei que me machuca, me dói e me corrói manter essa lembrança tão fixa em mim, mas já não suporto a ideia de te ver partir totalmente.<br />Preciso de você e dessa coisa que me alimenta.<br />Eu sigo sorrindo e 'amando' e vivendo, mas te trago em mim.<br />Então desculpa, mas não tenho forças pra abrir a porta e te deixar partir.<br />Mesmo que você não esteja mais comigo, eu vou sim, me agarrar a sua lembrança.Amanda Galdinohttp://www.blogger.com/profile/11987936353091708449noreply@blogger.com5