
Agridoce.
Azedo.
Cítrico.
Salgado.
Venenoso. Sempre.
Para o paladar dela, o gosto era sempre diferente. Os de sua espécie sempre consideravam a mesma coisa, mas para ela havia sempre um sabor à mais.
Medo.
Terror.
Luxúria.
Desejo.
Gostoso. Sempre.
O sentimento do outro também influenciava no sabor que ela sentiria.
Deixou que o corpo mole, já sem vida, deslizasse entre seus braços e caísse ao chão, bem ali, no meio do beco escuro. Escuro. Morte era escura. Dor era escura. O escuro representava a chegada dela. Do monstro que se alimentava de outros. Da sugadora de sangue. Da besta suja que tomava para si a vida dos outros.
Ela sorriu. No escuro daquele beco era tudo o que poderiam ver. Os dentes longos e brancos e os olhos vermelhos escalartes. Ela sorriu e deixou aquele corpo inerte caído entre as poças de água suja.
E saiu do beco. Passou a língua no canto da boca, onde o sangue quente ainda escorria. Ajeitou o cabelo e fechou o sobretudo que escondia o belo corpo, o qual ela usava como arma de conquista. Arma para atrair comida. Caminhou pela rua. Os homens a olhava com desejo, e ela sorria de volta... Em busca da próxima presa que teria sua vida extraída por ela.