quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Outro dia acordei enrolada em lençóis e lágrimas.
Me levantei, encarei o espelho e não me reconheci.
Faltava o meu sorriso. O sorriso característico que frequentemente habitava os meus lábios, mas que por sua causa, havia sumido.
Meu rosto inchado em parte por sono em parte por choro, exibia uma face que eu nem mesmo queria encarar.
Durante alguns minutos que eu perdi no tempo, tentei manter meus olhos fixos naquela imagem, tentando em vão encontrar similaridade entra ela e eu. Nada.
Lavei o rosto e fiz um chá quente. Estava calor, mas não me importei com isso.
Reli algumas cartas suas, busquei fotografias perdidas pela casa enquanto o gosto doce do chá persistia no paladar.
Encontrei 'registros' nossos. Minha vontade inicial foi chorar, e chorei.
Nunca me nego a vontades.
Chorei como uma criança abraçando papéis. Depois a minha vontade era queimar, e pela primeira vez, me neguei a vontade. Coloquei tudo em uma caixa e tranquei em algum lugar pela casa. Resolvi te esquecer.
Seguir em frente.
Prometi pra mim que não mais me negaria, não mais choraria e não mais sofreria.
Dei um passo em falso pra cruzar a ponte, quando notei sua segurança, resolvi seguir em frente.
Vou atravessar a ponte, agora tenha outra mão me ajudando. Um que não é a sua, mas que eu vou segurar forte e não olhar para trás.

domingo, 24 de outubro de 2010

Hoje eu saí de casa.
Caminhei sozinha entre as ruas vazias de um domingo tedioso.
Coloquei créditos extras no celular pra ligar pra todo mundo da minha agenda telefônica.
Entrei em um restaurante e comi por necessidade, não por vontade. Ao meu paladar, nem gosto tinha.
Tomei uma coca com gelo e limão. Evitei o kuat pra não lembrar de você a cada gole.
Me permiti paquerar algumas pessoas, as quais eu sabia que não passariam de uma paquera.
Observei uma farmácia aberta, pena eles não terem remédio que conserte um coração quebrado. Senti a chuva vindo e não fugi dela. Não me importei com o cabelo ou a roupa, andei sob a chuva e senti-me lavada.
Reparei em algumas vitrines de lojas de roupa e critiquei a falta de senso de moda de quem a arrumou. Dei oi para estranhos na rua.
Peguei no celular umas três vezes pra ligar pra você e mudei de ideia.
Lacrimejei os olhos por detrás da lente escura do óculos.
Fiz uma prece silenciosa em minha mente, renovei as esperanças de um amanhã melhor, me fiz promessas que talvez eu não venha a cumprir.
Notei que estou abdicando de uma vida construída pra ir atrás de futuro incerto, que estou destruindo a minha base apenas para não precisar te ver e sofrer tanto assim.
Pensei em comprar umas cervejas para acompanhar o jogo de hoje. Ainda vou comprar daqui a pouco.
Vi alguns amigos seus passando na rua, eu sei que iam lhe encontrar.
Cantei nossa música pra mim mesma, chutei algumas pedras no caminho, e não me senti mais leve.
Vim pra casa com o mesmo gosto amargo de insatisfação na boca. A mesma tristeza entalada na garganta e as mesmas lágrimas teimando em sair por trás dos óculos.
Agora escrevo pensando no meu 'dia' e vejo que não importa o quanto eu tente, me esforce, saía e viva, vai ser sempre você em quem eu vou pensar a cada passo do percurso.

domingo, 17 de outubro de 2010

Depois de um longo tempo sem escrever, eu voltei.
Não porque antes não tinha o que escrever, mas sim, porque eu não estava sabendo colocar as palavras pra fora, em linhas, versos ou pensamentos perdidos.
Mas hoje, uma coisa boba em um seriado que eu estava vendo fez lembrar de nós. E me fez pensar em escrever.
Ontem eu lembrei de você, antes de ontem eu também havia lembrado. E assim vem vindo esse pensamento a um ano. E antes eu tinha medo de admitir pra mim mesma, que todos os que cruzaram o meu caminho não foram realmente significantes. Não menosprezando ninguém, mas são verdadeiras as palavras que dizem 'ninguém se compara a você'.
Hoje, há pouco, novamente pensei em você. Numa epifania entre um momento com amigos, coisas que eles disseram me fizeram novamente ter certeza de que ninguém é como você.
Hoje, eu entendo porque ninguém me faz amar como eu te amei, como eu te amo.
Porque ninguém tem o que você tem. Ninguém me compreende como você, ou me aceita como você. Ninguém tem olhos apenas pra mim como você. E ninguém fala comigo e me olha nos olhos como você. Ninguém me ama ou pensa em mim como você. Ninguém me beija, me toca ou faz meu coração disparar como você.
E a cada dia eu sinto isso mais intensamente em mim.
Por mais que eu não possa, por mais que eu não deva, eu sinto. E quero.
Te quero mais que tudo no mundo, desistiria de tudo por você e apenas por você.
Não consigo mais negar pra mim ou para o mundo que eu te amo de uma forma que chega a doer. Que é você que vai embalar cada sonho meu pro resto da minha vida, que não importa o que aconteça você vai ser sempre o meu primeiro e o meu único.
Eu te amo, demais.
E amanhã eu vou te dizer isso. Tudo isso.
Olhando nos seus olhos. Daquele jeito só nosso.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010


Senti o gosto de solidão na ponta da língua.